Clube do Balanço. Que história!
A ficha caiu quando lá na no show da Cohab Itaquera vimos os casais executando com naturalidade os passos do samba-rock.
Esse dia 20 de dezembro de 2002 é uma data importante para gente, colocar, enfim, no ar o nosso site. Mas nunca vamos esquecer outras datas importantes, como por exemplo o dia 29 de julho de 2001. O local, assim como o lançamento do site, também era o Blen Blen, uma tradicional casa noturna da Vila Madalena, em São Paulo, e na porta aquela fila grande, um pessoal que iria testemunhar um dos marcos da trajetória do Clube do Balanço: o lançamento do nosso primeiro CD “Swing & Samba-Rock”, o que a gente hoje classifica como fruto de uma feliz, divertida e inusitada formação de uma comunidade artística afim de redescobrir e revigorar esse tal de samba-rock.
Percebemos que houve uma amnésia coletiva nas últimas décadas em relação a esta vertente suingada da música brasileira e a grande descoberta do nosso clube foi encontrar este samba-rock vivo. Uma cultura que em momento algum, desde os grandes bailes da década de 60, deixou de fazer parte da cultura da comunidade negra paulistana.
Neste dia 29, o palco do Blen Blen ficou pequeno. Compartilharam com a gente músicas, microfones e instrumentos com os grandes personagens desta história que sem perceber assumimos a missão de querer contar. Lá estavam nosso padrinho Luiz Vagner, Erasmo Carlos, Bebeto e Marku Ribas e ainda toda essa nova geração musical disposta a disseminar a inventividade da música brasileira, Paula Lima, Ivo Meireles, Max de Castro, Seu Jorge, Classe… é tanta gente. O CD foi o primeiro, mas a veia que originou o Clube é bem mais antiga. Taí o Mattoli para contar. Paulistano, branco, descentente de uma família de italianos sem tradição musical, aos 15 anos deixou de deixou de lado a flauta transversal e partiu para o violão encantado pela suingue sacudido do até então Jorge Ben, mais precisamente quando o disco “Gil e Jorge” caiu nos seus ouvidos.
Na verdade, nenhum de nós do Clube naquele palco ilustre da noite de lançamento do CD pode esconder o fascínio diante de um espetáculo que anos atrás não poderíamos imaginar. Aquele público todo, meio espremido, cançando espaço para rodopios, sem perder o compasso.
Mas muito antes do Blen Blen…
Foi lá no Grazie a Dio, em 99, que o Clube do Balanço começou suas domingueiras de Samba-rock, outro grande empório musical da Vila Madalena. Ou melhor, trouxe da periferia, os guetos paulistanos para um bairro boêmio o samba-rock. Pouco antes do lançamento do CD, quando o estilo já parecia revigorado, vimos a galera chegando cedo para arrumar um espacinho e cair no baile. E pensar que no começo, não reuníamos mais de 30 pessoas naquele mesmo espaço interessadas em ouvir o até então nostálgico e anônimo samba-rock.
Por que tanta surpresa no lançamento do CD, do site? Bem, classificamos como o marco do Clube do Balanço uma apresentação no final os anos 90 no salão da Cohab1 de Itaquera, na zona leste paulistana. Foi tudo no boca a boca, cartaz no poste, panfleto e aí a casa lotada, os casais executavam com naturalidade absoluta aquele trançado de passos fruto da fusão do samba com o rock. Dança tão tradicional e arraigada a esta comunidade e que caiu a ficha da vitalidade do samba-rock. E foram estas as pessoas, que aos poucos foram atravessando a cidade e levando para a boêmia Vila Madalena, ou melhor, mostrando para todo mundo que o samba-rock jamais morreu.
Um dia Mattoli esbarrou com Luis Vagner em um restaurante e disse: "Ei, eu faço samba-rock".
Mattoli não é presidente do Clube à toa. Afinal, foi ele quem (re)começou essa coisa toda. Bem, já contamos que ele catou o violão depois de ouvir Jorge Ben e aí viu que o samba estava na alma. A história começa em 1990, quando Mattoli era compositor e líder da banda Guanabaras, uma banda que tinha a proposta de misturar a raiz do samba com o pop, sob inspiração, como não poderia deixar de ser de Jorge Ben. O CD dos Guanabaras saiu, pela Eldorado, e nessa época o pagode de São Paulo começava a ferver também. A rádio Transcontinental aos poucos se tornou líder de audiência por tocar quase exclusivamente samba e não foi à toa que as gravadoras quando viram o samba ferver, foram lá moldar o pagode, mas aí é outra história.
Voltando aos Guanabaras. Nessa época, Mattoli começou a ter mais contato com o universo do samba, com os bailes blacks da periferia, até que alguém falou para ele que o que os Guanabaras faziam era samba-rock. "Eu faço o que?", perguntou Mattoli e a resposta foi encontrada nas grandes galerias, numa busca por aquele tal estilo musical.
O Guanabaras acabou e, um dia, em um restaurante de São Paulo, Mattoli, que já tinha vasculhado e se familiarizado com os grandes nomes do gênero como Bedeu, Branca de Neve, Abílio Manoel, encontrou outra grande personalidade: Luis Vagner. Reconheceu a figura em um restaurante e foi lá dizer "eu toco samba-rock". Luis Vagner, grande compositor do estilo, olhou para o branquelo Mattoli e foi ouvir. Bem, deve ter gostado, é o padrinho oficial do Clube, o sócio número um, parceiro de Mattoli em algumas composições.
Outra figura fundamental na formação é o hoje empresário e técnico do clube, Renato Bergamo, que produziu muitos bailes, vendeu muito vinil e que Mattoli conheceu em um das suas idas até às galerias. Renato reconheceu Mattoli e mostrou que tinha no acervo o disco os Guanabaras. O início foi tímido. Mattoli, que é técnico de estúdio, foi aqui e ali conhecendo e reconhecendo músicos que tinham aquele sotaque para fazer o samba-rock. Daí vieram Edu Peixe, o baterista com sotaque de samba, Fred Prince na percussão, Tiquinho no trombone. Marcelo Maita no teclado e logo degois Gringo no baixo.
Com essa formação, o Clube começou daquele jeito meio sem sabem no que ia dar. E, mais recentemente, Augustinho Bocão reforçando a percussão e Reginaldo Gomes, no trompete. Sem contar na participação obrigatória e sempre especial de Teresa Gama e sua voz contralto.
Esse dia 20 de dezembro de 2002 é uma data importante para gente, colocar, enfim, no ar o nosso site. Mas nunca vamos esquecer outras datas importantes, como por exemplo o dia 29 de julho de 2001. O local, assim como o lançamento do site, também era o Blen Blen, uma tradicional casa noturna da Vila Madalena, em São Paulo, e na porta aquela fila grande, um pessoal que iria testemunhar um dos marcos da trajetória do Clube do Balanço: o lançamento do nosso primeiro CD “Swing & Samba-Rock”, o que a gente hoje classifica como fruto de uma feliz, divertida e inusitada formação de uma comunidade artística afim de redescobrir e revigorar esse tal de samba-rock.
Percebemos que houve uma amnésia coletiva nas últimas décadas em relação a esta vertente suingada da música brasileira e a grande descoberta do nosso clube foi encontrar este samba-rock vivo. Uma cultura que em momento algum, desde os grandes bailes da década de 60, deixou de fazer parte da cultura da comunidade negra paulistana.
Neste dia 29, o palco do Blen Blen ficou pequeno. Compartilharam com a gente músicas, microfones e instrumentos com os grandes personagens desta história que sem perceber assumimos a missão de querer contar. Lá estavam nosso padrinho Luiz Vagner, Erasmo Carlos, Bebeto e Marku Ribas e ainda toda essa nova geração musical disposta a disseminar a inventividade da música brasileira, Paula Lima, Ivo Meireles, Max de Castro, Seu Jorge, Classe… é tanta gente. O CD foi o primeiro, mas a veia que originou o Clube é bem mais antiga. Taí o Mattoli para contar. Paulistano, branco, descentente de uma família de italianos sem tradição musical, aos 15 anos deixou de deixou de lado a flauta transversal e partiu para o violão encantado pela suingue sacudido do até então Jorge Ben, mais precisamente quando o disco “Gil e Jorge” caiu nos seus ouvidos.
Na verdade, nenhum de nós do Clube naquele palco ilustre da noite de lançamento do CD pode esconder o fascínio diante de um espetáculo que anos atrás não poderíamos imaginar. Aquele público todo, meio espremido, cançando espaço para rodopios, sem perder o compasso.
Mas muito antes do Blen Blen…
Foi lá no Grazie a Dio, em 99, que o Clube do Balanço começou suas domingueiras de Samba-rock, outro grande empório musical da Vila Madalena. Ou melhor, trouxe da periferia, os guetos paulistanos para um bairro boêmio o samba-rock. Pouco antes do lançamento do CD, quando o estilo já parecia revigorado, vimos a galera chegando cedo para arrumar um espacinho e cair no baile. E pensar que no começo, não reuníamos mais de 30 pessoas naquele mesmo espaço interessadas em ouvir o até então nostálgico e anônimo samba-rock.
Por que tanta surpresa no lançamento do CD, do site? Bem, classificamos como o marco do Clube do Balanço uma apresentação no final os anos 90 no salão da Cohab1 de Itaquera, na zona leste paulistana. Foi tudo no boca a boca, cartaz no poste, panfleto e aí a casa lotada, os casais executavam com naturalidade absoluta aquele trançado de passos fruto da fusão do samba com o rock. Dança tão tradicional e arraigada a esta comunidade e que caiu a ficha da vitalidade do samba-rock. E foram estas as pessoas, que aos poucos foram atravessando a cidade e levando para a boêmia Vila Madalena, ou melhor, mostrando para todo mundo que o samba-rock jamais morreu.
Um dia Mattoli esbarrou com Luis Vagner em um restaurante e disse: "Ei, eu faço samba-rock".
Mattoli não é presidente do Clube à toa. Afinal, foi ele quem (re)começou essa coisa toda. Bem, já contamos que ele catou o violão depois de ouvir Jorge Ben e aí viu que o samba estava na alma. A história começa em 1990, quando Mattoli era compositor e líder da banda Guanabaras, uma banda que tinha a proposta de misturar a raiz do samba com o pop, sob inspiração, como não poderia deixar de ser de Jorge Ben. O CD dos Guanabaras saiu, pela Eldorado, e nessa época o pagode de São Paulo começava a ferver também. A rádio Transcontinental aos poucos se tornou líder de audiência por tocar quase exclusivamente samba e não foi à toa que as gravadoras quando viram o samba ferver, foram lá moldar o pagode, mas aí é outra história.
Voltando aos Guanabaras. Nessa época, Mattoli começou a ter mais contato com o universo do samba, com os bailes blacks da periferia, até que alguém falou para ele que o que os Guanabaras faziam era samba-rock. "Eu faço o que?", perguntou Mattoli e a resposta foi encontrada nas grandes galerias, numa busca por aquele tal estilo musical.
O Guanabaras acabou e, um dia, em um restaurante de São Paulo, Mattoli, que já tinha vasculhado e se familiarizado com os grandes nomes do gênero como Bedeu, Branca de Neve, Abílio Manoel, encontrou outra grande personalidade: Luis Vagner. Reconheceu a figura em um restaurante e foi lá dizer "eu toco samba-rock". Luis Vagner, grande compositor do estilo, olhou para o branquelo Mattoli e foi ouvir. Bem, deve ter gostado, é o padrinho oficial do Clube, o sócio número um, parceiro de Mattoli em algumas composições.
Outra figura fundamental na formação é o hoje empresário e técnico do clube, Renato Bergamo, que produziu muitos bailes, vendeu muito vinil e que Mattoli conheceu em um das suas idas até às galerias. Renato reconheceu Mattoli e mostrou que tinha no acervo o disco os Guanabaras. O início foi tímido. Mattoli, que é técnico de estúdio, foi aqui e ali conhecendo e reconhecendo músicos que tinham aquele sotaque para fazer o samba-rock. Daí vieram Edu Peixe, o baterista com sotaque de samba, Fred Prince na percussão, Tiquinho no trombone. Marcelo Maita no teclado e logo degois Gringo no baixo.
Com essa formação, o Clube começou daquele jeito meio sem sabem no que ia dar. E, mais recentemente, Augustinho Bocão reforçando a percussão e Reginaldo Gomes, no trompete. Sem contar na participação obrigatória e sempre especial de Teresa Gama e sua voz contralto.
Ótimas trançadas...
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